A qualidade de mudas florestais podem ser
avaliadas segundo dois conceitos de qualidade, a qualidade momentânea ou
aparente, que é basicamente o estado atual da muda em relação as
condições nutricionais, idade e porte, e a segunda diz respeito a qualidade produtiva ou capacidade de produzir uma floresta
que imprima exatamente a capacidade que o sítio florestal apresenta sem a
influencia das limitações genética dos indivíduos.
A qualidade momentânea ou aparente pode
ser medida por alguns índices matemáticos, podendo ser a relação entre peso da
parte aérea e das raízes ou o peso seco total.
Esses índices são muito bons porém são de
difícil mensuração e pouco práticos já que no dia a dia é preciso tomar as
decisões de modo ágil.
Alguns critérios morfológicos também são
citados pela literatura como indicadores de qualidade, tais como, vigor,
tamanho, forma do caule etc, esses são critérios mais práticos utilizados para
aceitar ou não uma mudas para plantio, já que sua avaliação é visual e baseada
em experiências anteriores.
A qualidade momentânea pode ser alterada
com aplicação de fertilizantes e maiores tempos de encanteiramento, o que significa
que nem sempre uma muda com boas condições aparentes vai garantir uma árvore produtiva.
Já a qualidade produtiva é medida através
de inventários florestais e ou volume de madeira explorada por área. E é
importante que as mudas que tenham boa qualidade genética tenham boa qualidade
aparente, pois isso irá facilitar o pegamento da muda no campo.
Em
mudas de sacola os principais problemas que acontecem durante produção é o
estiolamento e a mamada.
O estiolamento é causado pela competição
por luz no canteiro, o que ocorre devido ao grande adensamento das mudas. A
competição causa o rápido alongamento do caule, sem que haja tempo e condições
para o mesmo ganhar diâmetro e passar pelo processo de lignificação (formação
de lignina que torna a parede celular mais rígida e dá estabilidade aos tecidos
vegetais, esse processo depende do fornecimento abundante de luz e tempo) a
fim de garantir rigidez suficiente para suportar o peso das folhas.
A
mamada é o nome vulgar que se dá quando as raízes das mudas conseguem sair da
sacola e alcançar o solo, iniciando assim o processo de fixação da muda e
extração de nutrientes e água direto do solo.
Esse acesso permite que a muda se
desenvolva mais rápido devido a maior fornecimento de nutriente, porém no
momento de levar a muda para campo as raízes que estão fixadas no solo são
rompidas e causa estresse na muda, tornando-á mais frágil a deficiência hídrica
no solo durante o período de pegamento.
Quando
a muda está estiolada e é removida do canteiro esta não tem condições de se
manter em pé sozinha devido ao caule muito longo e delgado, isso causa o
tombamento da muda em campo e pode causar a morte devido a contato da parte
aérea com o solo, ou mesmo gera uma árvore com tronco com anomalias. Quando as
mudas chegam nesse ponto a solução é realizar a estaquia (amarar a muda com o
uso de um barbante de algodão em uma haste guia rígida de madeira até que as
muda tenha condições de se manter ereta sozinha). O uso de hastes de madeira e
barbante de algodão é recomendável, pois são materiais biodegradáveis que não
precisam ser recolhidos e tem durabilidade curta que coincide com o tempo
necessário para que a muda adquira rigidez.
Ao contrário do estiolamento, os problemas
causados pela mamada são contornados ainda no viveiro. Para contornar
parcialmente esse problema é recomendado movimentar (romper as raízes) as mudas
uma semana antes da data prevista para levá-las a campo. Esse processo irá
garantir boas condições de umidade para que a planta consiga se recuperar do
estresse sofrido pelo rompimento das raízes ainda em viveiro. A utilização e
uma lona preta para forrar o canteiro antes de encanteirar as sacolas dificulta
o acesso das raízes ao solo, porem não impede a saída das raízes da sacola.
Algumas raízes saem de uma sacola e entre na sacola de outra mudas, a separação
deve ser realizada com uma faca ou tesoura e não puxando as mudas, pois isso causa o
rompimento das sacolas e dos torrões.
O
rompimento do torrão é outro dano muito grave em mudas de sacola. Esse dano é
causado durante o manuseio e transporte das mudas do viveiro até o campo. A
ocorrência desse tipo de dano é mais comum quando o substrato é pesado e pouco
poroso (como no caso de terra preta). Nesse caso a formação de raízes é
reduzida não conferindo ao torrão grande rigidez. Para evitar esse dano o
recomendado que as mudas sejam transportadas sempre seguras diretamente pelo
torrão e nunca pela parte aérea. O transporte em caixas ajuda a evitar esse
dado também. Evitar bater os torrões e transportá-los apenas úmido e não
encharcado ou seco demais também ajuda muito.
A abertura da sacola deve ser realizada
inicialmente pelo fundo e depois pela lateral. O melhor instrumento para esse
trabalho é uma faca de mesa com serras.
Quando
produzidas em tubetes, as mudas podem ser consideradas prontas para plantio
quando forem retiradas do tubetes e as raízes conseguirem manter a estabilidade
do torrão, mesmo quando submetido a uma leve pressão.
O
tamanho mínimo do tubete deve ser de 280 cm3, pois a partir desse tamanho de
recipiente facilita o pegamento da muda em campos.
Se
as mudas a serem plantas tiverem sistema radicular ainda pouco desenvolvido o
recomendado é que estas sejam tiradas do tubetes e plantadas imediatamente.
Em caso de mudas com sistema radicular bem
desenvolvido o uso de rocamboles é recomendado, porem as mudas não deve
permanecer mais que uma semana embaladas, isso pode causar desfolha e danos ao
sistema radicular. Os rocamboles devem conter no máximo 15 mudas e nunca devem ser transportados segurados pela parte aérea das mudas.
Para
realização do plantio de mudas de sacola o recomendado a abertura de uma cova
com auxilio de uma cavadeira a uma profundidade aproximada de 40 cm com largura
suficiente para se introduzir a muda e a mão de que está plantado, evitando
assim ter que soltar a muda dentro da cova.
É
indispensável a adubação fosfatada que deve ser adicionada no fundo da cova e
coberta por uma cama de aproximadamente 10 cm de solo (o solo vai evitar que a
muda tenha contato direto com as raízes o que pode provocar a morte da muda). A
dose deve ser calculada de acordo com analise de solo que deve ser realizada de
0-20 e 20-40 cm de profundidade.
Após
a abertura da cova e aplicação da dose de adubo fosfatado recomendado, deve-se cobrir com uma porção de solo o fundo cova a fim de formar uma camada de aproximadamente 10 centímetros. Em seguida a muda deve ser retirada da sacola e levada até o fundo da cova
de forma suave e centralizada. As laterais devem ser preenchidas com o solo da
borda da cova, pois esse solo é mais rico em matéria orgânica e nutrientes. O
solo deve ser levemente pressionado para fixar o torrão e manter a muda em pé.
A quebra das bordas da cova gera um cone que deve ser mantido para facilitar o
acumulo de água de irrigação e da chuva. É indispensável a realização de uma
irrigação logo após o plantio com pelo menos 5 litros de água independentemente
das condições de umidade do solo e expectativas meteorológicas.
Para
as mudas de tubetes o ideal é realizar o preparo das covas com profundidade
aproximada de 35 cm, realizar a aplicação da adubação fosfatada, preencher o total da
cova com solo das bordas da cova e logo em seguida realizar a abertura de uma nova cova com auxilio de uma
vara que contenha em sua ponta um tubete igual ao utilizado na produção das mudas. Após o procedimento coloca-se a muda e por fim faz-se leve pressão no solo para apoiar o torrão evitando tombamento. Nesse caso
também é indispensável a realização de irrigação logo em seguida. A irrigação irá remover algum eventual bolsão de ar que tenha ficado durante o processo de plantio e garantir umidade para iniciar o pegamento da muda.
Considerando
as narrativas anteriores é possível afirmar que uma muda de sacola de qualidade
deve ter no mínimo 40 cm de tamanho, deve ser capaz de se manter ereta sozinha,
não ter raízes saindo da sacola e deve ser transportada com cuidado para evitar
rompimento do torrão.
As
mudas de Tubetes devem ter sistema radicular bem formado, capas de sustentar
bem o torrão e devem ter tamanho mínimo de 30 cm.A
qualidade produtiva deve ser comprovada através de dados biométricos das
matrizes.
Não
é possível afirmar que as mudas de sacola são melhores ou piores que as de
tubetes, pois se o manejo for adequado, ambas surtirão bons desempenhos em
campo. As limitações serão genéticas e não baseadas na forma de produção das
mudas. É possível no entanto afirmar algumas vantagem de manejo, de um ou outro
tipo de muda, tais como por exemplo:
1- O transporte de mudas de tubetes é mais
fácil e barato que o transporte de mudas de sacola devido ao volume;
2- É possível plantar mudas com porte maior
quando produzidas em sacolas, o que aumenta a resistência da muda ao ataque de
formigas e outros insetos;
3- O plantio de mudas de tubetes é mais
rápido e barato devido a facilidade de transporte e manuseio;
4- Mudas de sacolas exigem estrutura e mão de
obra reduzida, o que permite que o interessado em plantar possa produzir usa
próprias mudas sem grandes despesas;
Muitas outras vantagens de um ou outro
método de produção podem ser citados, porem o que importa é considerar as
estruturas e objetivos de capa projeto para tomar a decisão correta a cerca de
que tipo de muda utilizar.
A adubação em viveiro normalmente de mudas
de tubetes é realizada com Cloreto de potássio (solúvel), MAP, Uréia e FTE Br
12.
É preparado uma solução com 200 litros de
água, 1kg de MAP, 1 Kg de Cloreto de potássio , 0,5 kg de uréia e 100 g de FTE
Br 12.
O sistema radicular da mudas são imergidas
nessa solução por 30 segundos e depois as mudas são devolvidas para o
canteiro. É importante evitar que a parte aérea entre em contato com a solução,
pois pode causar queimadura nas fohas.
Esse procedimento deve ser repetido uma
vez a cada 30 dias.
Em viveiro de sacola as mudas devem ser
regadas com auxilio de um regador com a mesma solução. Após a fertilização as
mudas devem ser irrigadas por 15 minutos para evitar queimaduras na folhas. O
processo deve ser repetido a cada 45 dias.
Costumeiramente alguns fungos atacam
viveiros florestais e causam grandes prejuízos e preocupação. O Mogno é pouco atacado
por insetos e fungos. Em relação a ataque de microorganismos, surgem esporadicamente
alguns sinais de antracnose e mofo comum. A prevenção e controle podem ser
feito com uma simples cauda bordaleza que deve ser aplicada sobre os canteiros
com auxilio de um pulverizador costal a cada 60 dias ou toda vez que for
identificado um foco (tomar sempre cuidado com o pH da cauda, pois se estiver
muito acido causa danos severos as plantas).
Na faze de estufa, o ideal é que a
pulverização seja feita a cada 15 dias, pois nesse ambiente a proliferação dos
micros organismos é muito rápida.
Em viveiro, o inseto que mais preocupa é a
broca do pecíolo, que quando encontra uma planta na faze jovem sem o pecíolo bem desenvolvido com condições de se alojar, acaba por parasitar lenho da muda.
A broca é um coleóptero (Besouro) muito
pequeno que fura o lenho da muda até atingir a medula, afim de depositar seus
ovos que mais tarde eclodem e se alimentam do tecido vegetal mais macio e
nutritivo da medula da muda. Essa parasitose pode causar a morte da muda, pois o dano que a muda sofre é porta para entrada de outros patógenos, e além disso a larva causa
enfraquecimento do caule que acaba quebrando sobre o próprio peso devido a
formação de um ponto de fraqueza causado pela alimentação das larvas.
Foto do Ataque da Broca do Pecíolo em mudas.
O controle dessa praga deve ser realizado
com um inseticida a base de Piretróide, que deve ser aplicado uma vez por
semana no material contaminado que deve ficar de quarentena a pelo menos 100
metros de distância de mudas não atacadas. Se for possível o ideal é incinerar
as mudas atacadas, pois é impossível ter acesso as todas as larvas com a
aplicação de inseticidas.
Os outros insetos que atacam as mudas são
oportunistas e não especializados como é o caso da broca do pecíolo. As
formigas cortadeiras, gafanhotos e paquinhas são os que mais incomodam, porem o
controle é simples e os efeitos do controle é rápido.
Para
produzir mudas de semente com qualidade em tubetes é preciso utilizar
recipiente com 280 cm3 ou mais, as sementes devem ser desinfetadas com uso de
fungicida antes do plantio e devem ser plantadas logo após a colheita, pois o
poder germinativo é perdido rapidamente, o substrato deve ser poroso e inerte.
A água utilizada deve ser de boa qualidade, as mudas devem ficar no viveiro
pelo menos seis meses, o controle de insetos e fungos não deve ser negligenciado.
Quando se trata de sementes a diversidade genética é muito grande, e algumas características
indesejadas se manifestam desde o início da vida da mudas, tais como brotações
laterais, caule retorcido e subdesenvolvimento da planta. A eliminação das
mudas que apresentarem alguns dessas características deve ser realizada tão
logo identificada. Aproximadamente 10% das mudas devem ser descartadas para
garantir que apenas mudas que tenham boa capacidade produtiva sejam levada para
campo.
Em
caso de mudas produzida em tubetes por macro estaquia, os cuidados com
recipientes e controles de doenças e insetos são os mesmos, alem é claro de ter
certeza que o material de origem tem boa genética.
Para garantir lotes de homogêneos é ideal
que o tamanho das estacas seja padronizado.
Em mudas de sacola produzidas com
sementes, é recomendada a utilização e sacolas com 10 cm diâmetro e 30 cm de
altura, o descarte das mudas defeituosas deve ser realizado da mesma forma, e o
controle de insetos e fungos também não podem ser negligenciados. A manutenção do espaço entre as mudas é muito
importante para evitar o estiolamento. Para aumentar a o espaçamento entre as
mudas, podem ser utilizados repas de madeira, que podem ser colocados
alternadamente com as fileiras de mudas no canteiro.
Espero que as informações tenham sido uteis!!!