quarta-feira, 6 de maio de 2015

Produtividade e Lucratividade do Mogno Africano (Khaya ivorensis)


Diferenciar o que é verdade ou propaganda sobre a produtividade e Lucratividade do Mogno Africano (Khaya ivorensis) é muito difícil e gera muito tumulto entre aos produtores no Brasil. É fato porem que a cultura é notoriamente produtiva e rentável dada suas características silviculturais e qualidade da madeira.
A produtividade da Khaya ivorensis no Brasil pode facilmente ser contestada entre os produtores devido a falta de estudos abrangentes a respeito do assunto e de técnicas silviculturais unificadas (Cada produtor maneja sua floresta de um jeito). Atualmente o a espécie ainda não tem um programa de melhoramento florestal oficial que permite comparar o desenvolvimento de uma tal linhagem genética em diferentes regiões do país. A outra vertente que impossibilita a criação desses índices genéricos é a falta de estudos a cerca das exigências nutricionais da espécie.
Quando se tiver uma linhagem e uma condição nutricional ótima definida será possível estimar a produtividade média das florestas dessa espécie em cada região do país.
Atualmente as estimativas de produtividade são em grande parte especulativas e se quer usam técnicas de inventáriamento florestal. Boa parte das projeções de rendimento tem como referência medições de árvores que cresceram isoladamente ou em comunidade sem tratos culturais, ou pior, são feitas a partir de dados biométricos de indivíduos de excelente desenvolvimento.
Como relato em todos os meu artigos do meu blog, gostaria de lembrar que meus textos são fruto de minhas experiências e observações e que são publicados com intenção de subsidiar futuros investidores em florestas de Mogno Africano, bem como compartilhar essas experiências com os colegas de profissão.
Sendo assim, vou relatar alguns números de produtividade das florestas que tenho o prazer de fazer parte da equipe que as maneja.
Em uma floresta de 150 hectare implantada na região amazônica de baixa latitude (Amazônia seca), foi registrado o incremento médio anual em diâmetro de 3,7 cm aos 6 anos com espaçamento de  7 X 7. A altura comercial média registrada foi de 9,7 metros, sendo que foram registradas árvores com 18 metros de fuste comercial. A mortalidade foi de 5%.
Sendo assim o volume aproximado dessa floresta é de 43,7 m3 de madeira em tora por hectare. Considerando aproveitamento de 55% o volume em madeira serrada por hectare é de aproximadamente 24,035 m3 de madeira serrada.
Considerando o valor do m3 de madeira serrada em R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), cada hectare possui em madeira R$ 60.087,50 (sessenta mil e oitenta e sete reais e cinqüenta centavos). O custo de implantação e manutenção já capitalizados são de aproximadamente R$ 17.453,75 (dezessete mil quatrocentos e cinqüenta e três reais e setenta e cinco centavos). O arrendamento da terra na região em valores atuais é 8 sacas de soja por hectare, o que atualmente dá um valor anual de aproximadamente R$ 480,00 (quatrocentos e oitenta reais) por hectare ano como a área tem seis anos de plantio o valor da terra se arrendada é de R$ 2.880,00 (dois mil oitocentos e oitenta reais) por hectare. Somando-se esse valor aos custos de implantação e manutenção temos R$ 20,333,75.
Agora subtraindo o valor gasto dos custos temos R$ 39.753,75. Desse valor resta subtrair os custos de exploração, serragem, transportes, comercialização e impostos. Não me sinto a vontade para especular esses custos pois vai variar muito de acordos com cada região e projeto. Além do mais os impostos também variam de acordo com o estado da federação. Essa é a situação atual do projeto.
Agora voltando ao projeto, às expectativas baseadas nos dados de inventário, é que o projeto tem duração de 20 anos, sendo previsto um desbaste aos 15 anos.
Serão mantidas 100 árvores por hectare após o desbaste. Se a taxa de crescimento se mantiver teremos aos 15 anos o volume de aproximadamente 59 m3 de madeira serrada por hectare, valendo aproximadamente R$ 146.575,86. No corte final o volume deve ser de aproximadamente 160,4 m3 de madeira serrada valendo aproximadamente R$ 400.921,22. Totalizando um faturamento bruto em madeira serrada por hectare de aproximadamente R$ 547.497,08. Os custos de manutenção estão estimados em mais R$ 25.200,00 por hectare, o que somados com os custos já executados dá um total de R$ 42.653,70 mais o custo do arrendamento da terra por 20 anos que é de aproximadamente R$ 9.600,00. Temos por fim o custo de R$ 52.253,70.
Subtraindo esse valor do faturamento bruto em madeira serrada temos R$ 495.243,38 dos quais temos que subtrair os custos de exploração, serragem, transportes, comercialização e impostos.
Vale lembrar que esse o narrado aqui é um estudo de caso com condições específicas de clima, espaçamento, tratos silviculturais etc.
Outros produtores devem ter volumes de produção diferentes pois devem podem plantar em outros espaçamentos, em outros regimes de chuva e condições de solo diferentes.


Acredito que o exposto aqui possa ajudar aos meus leitores a tomarem decisões e por si diferenciar realidade e publicidade. A foto a seguir ilustra a situação atual da floresta.



Clique para ampliar. 


Um comentário:

  1. Obrigado pelo exemplo que fica mas realisto que os valores maximizados de vendedores de serviços ou instalações.
    O que fica mais incerto é o preço do m3 de madeira que saia da parcela.

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