quarta-feira, 20 de maio de 2015

O Mogno Africano (Khaya ivorensis) no Brasil

    O mogno africano apresenta-se com grande potencial de negócio para o estado de Mato Grosso, pois apresenta boa adaptação ao clima e os nossos latossolos possuem estrutura física ideal para a implantação de florestas.
    A espécie mais cultivada no estado é a Khaya ivorensis. Espécie essa que vem apresentado números expressivos de Incremento Médio Anual (IMA).
Atualmente o estado dispõe de mudas clonadas através de macro estaquia e a empresa de Mogno Africano Investimentos Florestais Ltda. desenvolve atualmente um programa de melhoramento florestal onde a clonagem e reprodução de cepas a partir de árvores adultas notórias dos seus plantios já foram realizadas e está em fase de implantação de jardins clonais para a produção de mudas de maior potencial produtivo.
      O cultivo da espécie no estado sofreu grande incremento a partir de 2007, através da iniciativa de empresários do estado que viram na espécie grande potencial produtivo.
      Em 2006 a área plantada estimada no estado era de aproximadamente 500 hectareses. Atualmente a área plantada estimada é de 3.000 hectares.
      A produtividade dessas florestas é estimada em aproximadamente 1,2 milhões de metros cúbicos de madeira em tora. A periodicidade de fornecimento é variado devido a variação de espaçamentos dos projetos, que vai desde 4X4 até 8X8. A comercialização da madeira está sendo realizada no mercado futuro a preços variando entre $ 700,00 a $ 2.000,00.
Alem das áreas de Mato Grosso, tenho conhecimento de aproximadamente 3500 hectares que estão plantados nos estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul,São Paulo,Goiás, Pará e Amazonas. Porem estimamo que essa área seja 4 ou 5 vezes maior do que as que tenho conhecimento.
     O Mogno Africano (Khaya ivorensis A. Chev.) pertencente à família das Meliaceae. É uma espécie que ocorre naturalmente em regiões tropicais úmidas de baixa altitude da África Ocidental (Figura 1), nos países Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim, Nigéria, Camarões, Guiné Equatorial e Gabão (Lamprechet, 1990).


Figura 1 – Distribuição natural do mogno africano (Khaya ivorensis) no continente africano e correspondência de latitude para o Brasil
Fonte: SOUSA CLAUDIMAR, 2010.

      A madeira possui alburno de coloração marrom-amarelado e cerne marrom-avermelhado, sendo uma madeira de alta durabilidade e fácil trabalhabilidade e secagem (Lamprecht, 1990). É usada principalmente para a construção naval e de móveis de interior (Dupuy e Koua, 1993, citados por Carneiro, J. G, 199)
    A espécie é imune à leptobroca Hypsipyla grandella, praga que limita o cultivo do mogno brasileiro (Swietenia macrophyla) no Brasil.
Embora sejam espécies distintas, a madeira da Khaya ivorensis é universalmente relacionada anatomicamente à madeira da Swietenia macrophyla. Assim sendo, a Khaya ivorensis é aceita em todo o mundo como mogno (Armstrong et al., 2007, citado por Carneiro, J. G, 1995).
      Em monoculturas na Costa do Marfim o mogno africano atinge cerca de 15 metros, aos 25 anos de idade, e um diâmetro de 50 centímetros (DUPUY e KOUA, 1993). Em inventários realizados em plantios de 7 anos no Mato Grosso indicou uma altura de 15 metros e 25 cm de diâmetro. Esses índices indicam a grande adaptação e até preferência da espécie pelo estado.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sintomas de Toxidez em Khaya Ivorensis



Por se tratar de uma cultura nova que poucos têm domínio ainda, surgem com freqüência especulações de aparecimento de pragas e doenças. Qualquer tipo de anomalia morfológica á atribuída a fungo e insetos. Porem na maioria das vezes trata-se de manejo inadequado, seja de inseticidas, fungicidas, herbicidas ou mesmo fertilizantes. Além de deficiências nutricionais e toxidez por alumínio. A três confusões mais comuns e que geralmente geram pânico são as seguintes.

                Olhando a foto a seguir algumas pessoas podem afirmar que a planta foi assolada por uma grave doença que está causando sua morte, mais na verdade a planta está intoxicada por excesso de fertilizante. É possível observar que as folhas começam a secar de fora para dentro a acabam sendo abortadas.


                Aqui a primeira vista, o sintoma é de uma virose. Mas na verdade é sintoma de intoxicação por glifosato. Herbicida que causa danos especialmente ao meristema apical e causa deformações nos folíolos, causando alongamento e estreitamento.




                Na foto a seguir estamos vendo uma séria deficiência de magnésio se manifestando. Não se trata de nenhuma doença das folhas do baixio não.


Produtividade e Lucratividade do Mogno Africano (Khaya ivorensis)


Diferenciar o que é verdade ou propaganda sobre a produtividade e Lucratividade do Mogno Africano (Khaya ivorensis) é muito difícil e gera muito tumulto entre aos produtores no Brasil. É fato porem que a cultura é notoriamente produtiva e rentável dada suas características silviculturais e qualidade da madeira.
A produtividade da Khaya ivorensis no Brasil pode facilmente ser contestada entre os produtores devido a falta de estudos abrangentes a respeito do assunto e de técnicas silviculturais unificadas (Cada produtor maneja sua floresta de um jeito). Atualmente o a espécie ainda não tem um programa de melhoramento florestal oficial que permite comparar o desenvolvimento de uma tal linhagem genética em diferentes regiões do país. A outra vertente que impossibilita a criação desses índices genéricos é a falta de estudos a cerca das exigências nutricionais da espécie.
Quando se tiver uma linhagem e uma condição nutricional ótima definida será possível estimar a produtividade média das florestas dessa espécie em cada região do país.
Atualmente as estimativas de produtividade são em grande parte especulativas e se quer usam técnicas de inventáriamento florestal. Boa parte das projeções de rendimento tem como referência medições de árvores que cresceram isoladamente ou em comunidade sem tratos culturais, ou pior, são feitas a partir de dados biométricos de indivíduos de excelente desenvolvimento.
Como relato em todos os meu artigos do meu blog, gostaria de lembrar que meus textos são fruto de minhas experiências e observações e que são publicados com intenção de subsidiar futuros investidores em florestas de Mogno Africano, bem como compartilhar essas experiências com os colegas de profissão.
Sendo assim, vou relatar alguns números de produtividade das florestas que tenho o prazer de fazer parte da equipe que as maneja.
Em uma floresta de 150 hectare implantada na região amazônica de baixa latitude (Amazônia seca), foi registrado o incremento médio anual em diâmetro de 3,7 cm aos 6 anos com espaçamento de  7 X 7. A altura comercial média registrada foi de 9,7 metros, sendo que foram registradas árvores com 18 metros de fuste comercial. A mortalidade foi de 5%.
Sendo assim o volume aproximado dessa floresta é de 43,7 m3 de madeira em tora por hectare. Considerando aproveitamento de 55% o volume em madeira serrada por hectare é de aproximadamente 24,035 m3 de madeira serrada.
Considerando o valor do m3 de madeira serrada em R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), cada hectare possui em madeira R$ 60.087,50 (sessenta mil e oitenta e sete reais e cinqüenta centavos). O custo de implantação e manutenção já capitalizados são de aproximadamente R$ 17.453,75 (dezessete mil quatrocentos e cinqüenta e três reais e setenta e cinco centavos). O arrendamento da terra na região em valores atuais é 8 sacas de soja por hectare, o que atualmente dá um valor anual de aproximadamente R$ 480,00 (quatrocentos e oitenta reais) por hectare ano como a área tem seis anos de plantio o valor da terra se arrendada é de R$ 2.880,00 (dois mil oitocentos e oitenta reais) por hectare. Somando-se esse valor aos custos de implantação e manutenção temos R$ 20,333,75.
Agora subtraindo o valor gasto dos custos temos R$ 39.753,75. Desse valor resta subtrair os custos de exploração, serragem, transportes, comercialização e impostos. Não me sinto a vontade para especular esses custos pois vai variar muito de acordos com cada região e projeto. Além do mais os impostos também variam de acordo com o estado da federação. Essa é a situação atual do projeto.
Agora voltando ao projeto, às expectativas baseadas nos dados de inventário, é que o projeto tem duração de 20 anos, sendo previsto um desbaste aos 15 anos.
Serão mantidas 100 árvores por hectare após o desbaste. Se a taxa de crescimento se mantiver teremos aos 15 anos o volume de aproximadamente 59 m3 de madeira serrada por hectare, valendo aproximadamente R$ 146.575,86. No corte final o volume deve ser de aproximadamente 160,4 m3 de madeira serrada valendo aproximadamente R$ 400.921,22. Totalizando um faturamento bruto em madeira serrada por hectare de aproximadamente R$ 547.497,08. Os custos de manutenção estão estimados em mais R$ 25.200,00 por hectare, o que somados com os custos já executados dá um total de R$ 42.653,70 mais o custo do arrendamento da terra por 20 anos que é de aproximadamente R$ 9.600,00. Temos por fim o custo de R$ 52.253,70.
Subtraindo esse valor do faturamento bruto em madeira serrada temos R$ 495.243,38 dos quais temos que subtrair os custos de exploração, serragem, transportes, comercialização e impostos.
Vale lembrar que esse o narrado aqui é um estudo de caso com condições específicas de clima, espaçamento, tratos silviculturais etc.
Outros produtores devem ter volumes de produção diferentes pois devem podem plantar em outros espaçamentos, em outros regimes de chuva e condições de solo diferentes.


Acredito que o exposto aqui possa ajudar aos meus leitores a tomarem decisões e por si diferenciar realidade e publicidade. A foto a seguir ilustra a situação atual da floresta.



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