quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Avaliação da Qualidade e Manejo das Mudas de Mogno Africano

A qualidade de mudas florestais podem ser avaliadas segundo dois conceitos de qualidade, a qualidade momentânea ou aparente, que é basicamente o estado atual da muda em relação as condições nutricionais, idade e porte, e a segunda diz respeito a qualidade produtiva ou capacidade de produzir uma floresta que imprima exatamente a capacidade que o sítio florestal apresenta sem a influencia das limitações genética dos indivíduos.

A qualidade momentânea ou aparente pode ser medida por alguns índices matemáticos, podendo ser a relação entre peso da parte aérea e das raízes ou o peso seco total.
Esses índices são muito bons porém são de difícil mensuração e pouco práticos já que no dia a dia é preciso tomar as decisões de modo ágil.
Alguns critérios morfológicos também são citados pela literatura como indicadores de qualidade, tais como, vigor, tamanho, forma do caule etc, esses são critérios mais práticos utilizados para aceitar ou não uma mudas para plantio, já que sua avaliação é visual e baseada em experiências anteriores.
A qualidade momentânea pode ser alterada com aplicação de fertilizantes e maiores tempos de encanteiramento, o que significa que nem sempre uma muda com boas condições aparentes vai garantir uma árvore produtiva.

Já a qualidade produtiva é medida através de inventários florestais e ou volume de madeira explorada por área. E é importante que as mudas que tenham boa qualidade genética tenham boa qualidade aparente, pois isso irá facilitar o pegamento da muda no campo.

         Em mudas de sacola os principais problemas que acontecem durante produção é o estiolamento e a mamada.

O estiolamento é causado pela competição por luz no canteiro, o que ocorre devido ao grande adensamento das mudas. A competição causa o rápido alongamento do caule, sem que haja tempo e condições para o mesmo ganhar diâmetro e passar pelo processo de lignificação (formação de lignina que torna a parede celular mais rígida e dá estabilidade aos tecidos vegetais, esse processo depende do fornecimento abundante de luz e tempo) a fim de garantir rigidez suficiente para suportar o peso das folhas.

         A mamada é o nome vulgar que se dá quando as raízes das mudas conseguem sair da sacola e alcançar o solo, iniciando assim o processo de fixação da muda e extração de nutrientes e água direto do solo.
Esse acesso permite que a muda se desenvolva mais rápido devido a maior fornecimento de nutriente, porém no momento de levar a muda para campo as raízes que estão fixadas no solo são rompidas e causa estresse na muda, tornando-á mais frágil a deficiência hídrica no solo durante o período de pegamento.

         Quando a muda está estiolada e é removida do canteiro esta não tem condições de se manter em pé sozinha devido ao caule muito longo e delgado, isso causa o tombamento da muda em campo e pode causar a morte devido a contato da parte aérea com o solo, ou mesmo gera uma árvore com tronco com anomalias. Quando as mudas chegam nesse ponto a solução é realizar a estaquia (amarar a muda com o uso de um barbante de algodão em uma haste guia rígida de madeira até que as muda tenha condições de se manter ereta sozinha). O uso de hastes de madeira e barbante de algodão é recomendável, pois são materiais biodegradáveis que não precisam ser recolhidos e tem durabilidade curta que coincide com o tempo necessário para que a muda adquira rigidez.
Ao contrário do estiolamento, os problemas causados pela mamada são contornados ainda no viveiro. Para contornar parcialmente esse problema é recomendado movimentar (romper as raízes) as mudas uma semana antes da data prevista para levá-las a campo. Esse processo irá garantir boas condições de umidade para que a planta consiga se recuperar do estresse sofrido pelo rompimento das raízes ainda em viveiro. A utilização e uma lona preta para forrar o canteiro antes de encanteirar as sacolas dificulta o acesso das raízes ao solo, porem não impede a saída das raízes da sacola. Algumas raízes saem de uma sacola e entre na sacola de outra mudas, a separação deve ser realizada com uma faca ou tesoura e não puxando as mudas, pois isso causa o rompimento das sacolas e dos torrões.

         O rompimento do torrão é outro dano muito grave em mudas de sacola. Esse dano é causado durante o manuseio e transporte das mudas do viveiro até o campo. A ocorrência desse tipo de dano é mais comum quando o substrato é pesado e pouco poroso (como no caso de terra preta). Nesse caso a formação de raízes é reduzida não conferindo ao torrão grande rigidez. Para evitar esse dano o recomendado que as mudas sejam transportadas sempre seguras diretamente pelo torrão e nunca pela parte aérea. O transporte em caixas ajuda a evitar esse dado também. Evitar bater os torrões e transportá-los apenas úmido e não encharcado ou seco demais também ajuda muito.
A abertura da sacola deve ser realizada inicialmente pelo fundo e depois pela lateral. O melhor instrumento para esse trabalho é uma faca de mesa com serras.
         Quando produzidas em tubetes, as mudas podem ser consideradas prontas para plantio quando forem retiradas do tubetes e as raízes conseguirem manter a estabilidade do torrão, mesmo quando submetido a uma leve pressão.
         O tamanho mínimo do tubete deve ser de 280 cm3, pois a partir desse tamanho de recipiente facilita o pegamento da muda em campos.
         Se as mudas a serem plantas tiverem sistema radicular ainda pouco desenvolvido o recomendado é que estas sejam tiradas do tubetes e plantadas imediatamente.
Em caso de mudas com sistema radicular bem desenvolvido o uso de rocamboles é recomendado, porem as mudas não deve permanecer mais que uma semana embaladas, isso pode causar desfolha e danos ao sistema radicular. Os rocamboles devem conter no máximo 15 mudas e nunca devem ser transportados segurados pela parte aérea das mudas.
         Para realização do plantio de mudas de sacola o recomendado a abertura de uma cova com auxilio de uma cavadeira a uma profundidade aproximada de 40 cm com largura suficiente para se introduzir a muda e a mão de que está plantado, evitando assim ter que soltar a muda dentro da cova.
         É indispensável a adubação fosfatada que deve ser adicionada no fundo da cova e coberta por uma cama de aproximadamente 10 cm de solo (o solo vai evitar que a muda tenha contato direto com as raízes o que pode provocar a morte da muda). A dose deve ser calculada de acordo com analise de solo que deve ser realizada de 0-20 e 20-40 cm de profundidade.
         Após a abertura da cova e aplicação da dose de adubo fosfatado recomendado, deve-se cobrir com uma porção de solo o fundo cova a fim de formar uma camada de aproximadamente 10 centímetros. Em seguida a muda deve ser retirada da sacola e levada até o fundo da cova de forma suave e centralizada. As laterais devem ser preenchidas com o solo da borda da cova, pois esse solo é mais rico em matéria orgânica e nutrientes. O solo deve ser levemente pressionado para fixar o torrão e manter a muda em pé. A quebra das bordas da cova gera um cone que deve ser mantido para facilitar o acumulo de água de irrigação e da chuva. É indispensável a realização de uma irrigação logo após o plantio com pelo menos 5 litros de água independentemente das condições de umidade do solo e expectativas meteorológicas.
         Para as mudas de tubetes o ideal é realizar o preparo das covas com profundidade aproximada de 35 cm, realizar a aplicação da adubação fosfatada, preencher o total da cova com solo das bordas da cova e logo em seguida realizar a abertura de uma nova cova com auxilio de uma vara que contenha em sua ponta um tubete igual ao utilizado na produção das mudas. Após o procedimento coloca-se a muda e por fim faz-se leve pressão no solo para apoiar o torrão evitando tombamento. Nesse caso também é indispensável a realização de irrigação logo em seguida. A irrigação irá remover algum eventual bolsão de ar que tenha ficado durante o processo de plantio e garantir umidade para iniciar o pegamento da muda.

         Considerando as narrativas anteriores é possível afirmar que uma muda de sacola de qualidade deve ter no mínimo 40 cm de tamanho, deve ser capaz de se manter ereta sozinha, não ter raízes saindo da sacola e deve ser transportada com cuidado para evitar rompimento do torrão.
         As mudas de Tubetes devem ter sistema radicular bem formado, capas de sustentar bem o torrão e devem ter tamanho mínimo de 30 cm.A qualidade produtiva deve ser comprovada através de dados biométricos das matrizes.
         Não é possível afirmar que as mudas de sacola são melhores ou piores que as de tubetes, pois se o manejo for adequado, ambas surtirão bons desempenhos em campo. As limitações serão genéticas e não baseadas na forma de produção das mudas. É possível no entanto afirmar algumas vantagem de manejo, de um ou outro tipo de muda, tais como por exemplo:
1-     O transporte de mudas de tubetes é mais fácil e barato que o transporte de mudas de sacola devido ao volume;
2-     É possível plantar mudas com porte maior quando produzidas em sacolas, o que aumenta a resistência da muda ao ataque de formigas e outros insetos;
3-     O plantio de mudas de tubetes é mais rápido e barato devido a facilidade de transporte e manuseio;
4-     Mudas de sacolas exigem estrutura e mão de obra reduzida, o que permite que o interessado em plantar possa produzir usa próprias mudas sem grandes despesas;

Muitas outras vantagens de um ou outro método de produção podem ser citados, porem o que importa é considerar as estruturas e objetivos de capa projeto para tomar a decisão correta a cerca de que tipo de muda utilizar.

A adubação em viveiro normalmente de mudas de tubetes é realizada com Cloreto de potássio (solúvel), MAP, Uréia e FTE Br 12.
É preparado uma solução com 200 litros de água, 1kg de MAP, 1 Kg de Cloreto de potássio , 0,5 kg de uréia e 100 g de FTE Br 12.
O sistema radicular da mudas são imergidas nessa solução por 30 segundos e depois as mudas são devolvidas para o canteiro. É importante evitar que a parte aérea entre em contato com a solução, pois pode causar queimadura nas fohas.
Esse procedimento deve ser repetido uma vez a cada 30 dias.
Em viveiro de sacola as mudas devem ser regadas com auxilio de um regador com a mesma solução. Após a fertilização as mudas devem ser irrigadas por 15 minutos para evitar queimaduras na folhas. O processo deve ser repetido a cada 45 dias.

Costumeiramente alguns fungos atacam viveiros florestais e causam grandes prejuízos e preocupação. O Mogno é pouco atacado por insetos e fungos. Em relação a ataque de microorganismos, surgem esporadicamente alguns sinais de antracnose e mofo comum. A prevenção e controle podem ser feito com uma simples cauda bordaleza que deve ser aplicada sobre os canteiros com auxilio de um pulverizador costal a cada 60 dias ou toda vez que for identificado um foco (tomar sempre cuidado com o pH da cauda, pois se estiver muito acido causa danos severos as plantas).
Na faze de estufa, o ideal é que a pulverização seja feita a cada 15 dias, pois nesse ambiente a proliferação dos micros organismos é muito rápida.
Em viveiro, o inseto que mais preocupa é a broca do pecíolo, que quando encontra uma planta na faze jovem sem o pecíolo bem desenvolvido com condições de se alojar, acaba por parasitar lenho da muda.
A broca é um coleóptero (Besouro) muito pequeno que fura o lenho da muda até atingir a medula, afim de depositar seus ovos que mais tarde eclodem e se alimentam do tecido vegetal mais macio e nutritivo da medula da muda. Essa parasitose pode causar a morte da muda, pois o dano que a muda sofre é porta para entrada de outros patógenos, e além disso a larva causa enfraquecimento do caule que acaba quebrando sobre o próprio peso devido a formação de um ponto de fraqueza causado pela alimentação das larvas.


Foto do Ataque da Broca do Pecíolo em mudas.

O controle dessa praga deve ser realizado com um inseticida a base de Piretróide, que deve ser aplicado uma vez por semana no material contaminado que deve ficar de quarentena a pelo menos 100 metros de distância de mudas não atacadas. Se for possível o ideal é incinerar as mudas atacadas, pois é impossível ter acesso as todas as larvas com a aplicação de inseticidas.
Os outros insetos que atacam as mudas são oportunistas e não especializados como é o caso da broca do pecíolo. As formigas cortadeiras, gafanhotos e paquinhas são os que mais incomodam, porem o controle é simples e os efeitos do controle é rápido.
         Para produzir mudas de semente com qualidade em tubetes é preciso utilizar recipiente com 280 cm3 ou mais, as sementes devem ser desinfetadas com uso de fungicida antes do plantio e devem ser plantadas logo após a colheita, pois o poder germinativo é perdido rapidamente, o substrato deve ser poroso e inerte. A água utilizada deve ser de boa qualidade, as mudas devem ficar no viveiro pelo menos seis meses, o controle de insetos e fungos não deve ser negligenciado. Quando se trata de sementes a diversidade genética é muito grande, e algumas características indesejadas se manifestam desde o início da vida da mudas, tais como brotações laterais, caule retorcido e subdesenvolvimento da planta. A eliminação das mudas que apresentarem alguns dessas características deve ser realizada tão logo identificada. Aproximadamente 10% das mudas devem ser descartadas para garantir que apenas mudas que tenham boa capacidade produtiva sejam levada para campo.
         Em caso de mudas produzida em tubetes por macro estaquia, os cuidados com recipientes e controles de doenças e insetos são os mesmos, alem é claro de ter certeza que o material de origem tem boa genética.
Para garantir lotes de homogêneos é ideal que o tamanho das estacas seja padronizado.

Em mudas de sacola produzidas com sementes, é recomendada a utilização e sacolas com 10 cm diâmetro e 30 cm de altura, o descarte das mudas defeituosas deve ser realizado da mesma forma, e o controle de insetos e fungos também não podem ser negligenciados. A manutenção do espaço entre as mudas é muito importante para evitar o estiolamento. Para aumentar a o espaçamento entre as mudas, podem ser utilizados repas de madeira, que podem ser colocados alternadamente com as fileiras de mudas no canteiro.

Espero que as informações tenham sido uteis!!!

2 comentários:

  1. Parabéns pelo seu blog, estou pensando em iniciar no negócio do mogno, para aposentadoria, suas informações tem sido de grande valia.

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